As dificuldades relacionadas com a ereção durante a atividade sexual, são temas que habitualmente trazem consigo muitas dúvidas e preocupações. É importante perceber que, tanto a dificuldade em obter como a dificuldade em manter a ereção, ocorrendo de forma ocasional, são bastante comuns.
Podemos pensar que apenas os homens com idade avançada referem este tipo de questões, no entanto, cada vez mais jovens relatam dificuldades relacionadas com a ereção. Por exemplo, numa investigação realizada com participantes europeus, verificou-se que 5% dos homens entre os 18 e os 29 anos experimentaram dificuldades de ereção nos últimos seis meses. Noutros continentes e em alguns países específicos, essa percentagem pode atingir os 19%.
Vamos compreender melhor as causas que podem estar subjacentes?
Fatores temporários: Em muitos casos, a dificuldade em manter ou obter ereção pode dever-se a fatores temporários, como cansaço, maior stress laboral, preocupações acerca do quotidiano, etc. Um maior foco nestes fatores, pode levar a um menor foco nas pistas sexuais decorrentes da atividade sexual, por exemplo: “não me consigo concentrar porque não paro de pensar na discussão que tive com o meu colega de trabalho” ou “desde que alguém de quem eu gosto muito faleceu, as minhas ereções não são tão consistentes”.
Crenças sexuais disfuncionais: As crenças sexuais disfuncionais acerca da sexualidade têm um enorme peso quando falamos de dificuldades na resposta sexual. Estes pensamentos podem expressar-se sobre as seguintes formas: “o homem está sempre pronto para o sexo” , “um verdadeiro homem tem relações sexuais com muita frequência”, “a ereção do pénis é essencial para satisfazer sexualmente a mulher”.
A pressão cultural em torno da masculinidade e as expectativas sociais sobre o desempenho sexual do homem podem ser uma explicação para este tipo de crenças. Muitas vezes, também a pornografia e os meios de comunicação retratam a atividade sexual de forma exagerada e irrealista, o que pode levar a um aumento dos níveis da ansiedade como resultado da reprodução daquilo que foi aprendido.
Dificuldades prévias: Episódios pontuais prévios de dificuldade erétil podem funcionar como gatilhos para dificuldades futuras, o que, por sua vez, pode ser o ponto de partida para o estabelecimento de um quadro de disfunção erétil. Abaixo, esquematizo que muitas vezes é-me referido em consulta.
O que pode facilitar uma resposta sexual mais funcional?
Contexto sexual menos focado na penetração
As práticas coitocêntricas fazem-nos desvalorizar todos os outros comportamentos sexuais que são igualmente sexo, reforçando sentimentos de culpa, frustração, humilhação, rejeição, etc. quando não existe uma boa resposta erétil. Prefere investir em beijos, toque no corpo da outra pessoa, role-play, utilização de brinquedos sexuais, sexo oral, visualização de vídeos eróticos éticos, brincadeiras com diferentes temperaturas e texturas, roçar no corpo do outro, sexting, imaginação cenários eróticos, entre outros.
Comunicação com a parceria
A comunicação aberta com a pessoa parceira é crucial nessas situações: tanto antes, durante, como após a atividade sexual!
Antes: faz com que não fiques sozinho com o medo de “falhar” e que a outra pessoa tenha uma melhor gestão de expectativas sobre o que pode acontecer.
Durante: Facilita a compreensão do que está a acontecer e pode ajudar a redirecionar a atividade sexual para práticas não penetrativas.
Após: O apoio emocional e a compreensão podem transmitir um ambiente de segurança e de não-julgamento, reduzindo a ansiedade e facilitando a superação da dificuldade erétil.
Estilo de vida saudável
Cuida do teu corpo através de uma alimentação equilibrada, prática regular de exercício físico, sono reparador, e evita o consumo excessivo de álcool, tabaco e drogas.
E se esta dificuldade passar a ser frequente?
A repetida e persistente dificuldade em conseguir ou manter uma ereção adequada durante a atividade sexual, juntamente com um desconforto individual significativo, pode sugerir um quadro de disfunção erétil. Nestes casos, é sugerido procurar ajuda com um profissional de saúde especializado em Sexologia Clínica.