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Filhos impulsivos: o que fazer?

Perante uma sociedade moderna com padrões cada vez mais exigentes e egocêntricos; surgem crianças cada vez mais ativas e competitivas. Estas crianças estão, para além de sujeitas a exigências desmedidas, rodeadas de desenvolvimentos tecnológicos, onde há rapidez de informação – onde tudo está à distância de um clique.

Tais vicissitudes acarretam desafios e obstáculos ao comportamento das crianças. Isto porque, por um lado a sociedade impõe maiores responsabilidades e metas e, por outro lado, não as prepara para as mesmas (e.g. fazer um trabalho para a escola foi facilitado pela rapidez do clique à internet). Assim, estas crianças não apreendem ferramentas necessárias e indispensáveis para lidar com o tempo, com os fracassos e com as metas longínquas.

Não adquirem perseverança e, por outro lado, apresentam dificuldades de autorregulação e autocontrolo – assim como tudo se tornou uma questão de um clique, e não aprenderam a esperar, gerir emoções e refletir sobre a melhor alternativa, também o seu comportamento se tornou um clique – comportamento impulsivo.

De forma sucinta. A criança começa por apresentar tamanha sensibilidade e desconforto com o momento presente, resultante numa tensão crescente. Neste sentido surge um planeamento de ação insuficiente e uma tomada de decisão pouco pensada e muito emotiva. Por fim, o sujeito age por impulso, sentido prazer no alívio da tensão.

Estes comportamentos impulsivos acarretam maiores riscos (e.g. agressividade, violência, comportamento social negligente e abuso de substâncias), menor discernimento e maior probabilidade de arrependimento e culpa.

Resta compreender que, apesar de a sociedade incitar a estes comportamentos disruptivos, a impulsividade consiste também num sintoma presente em várias perturbações, tendo também origem biológica. Uma perturbação, comummente referida em idade escolar, é a Hiperatividade e Défice de atenção.

Neste sentido a impulsividade deve ser, mais que controlada, trabalhada.

Aos pais – o que fazer

– Funcionar enquanto modelo. Perante algo indesejado, verbalize o que está a sentir e o que precisa de fazer para se acalmar.
– Ensinar a criança a falar consigo mesma. O diálogo interno ajuda a controlar os impulsos.
– Ensinar a gerir emoções e esperar. Propor pequenas recompensas imediatas ou grandes recompensas a longo prazo.
– Evitar as críticas e julgamentos. Apoiar e ajudar a repensar o que não correu como desejado, evitando as criticas que apenas aumentam as reações emocionais.
– Jogos de Memória. O controlo dos impulsos está intimamente ligado à memória a curto-prazo. Neste sentido, desenvolver as capacidades mnésicas, auxilia a criança na compreensão, interiorização e antecipação das consequências dos seus atos.
– Atividades físicas. O exercício e o movimento influenciam o foco e a atenção, melhoram a concentração e a motivação e tendem a diminuir a agitação e a impulsividade.

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