Queridos pais, este ano não me ofereçam um tablet que me distraia daquilo que é realmente importante e me faz feliz. Não me ofereçam um telemóvel que condicione a forma como me relaciono com os meus amigos. Também não quero PlayStations nem Wii`s que me ocupem o tempo que deveria passar a brincar com vocês ou com os meus irmãos. Não preciso de um iphone para mostrar aos meus amigos e dizer que tenho algo caro.
É verdade, mesmo que por vezes vos peça, a realidade é que quando me oferecem facilmente estas coisas estão a demonstrar-me que as coisas são fáceis de alcançar. Estão a mostrar-me que os bens materiais se sobrepõem e que independentemente de poderem ou não oferecer, as minhas vontades prevalecem sempre.
Sei que a vossa missão de pais não é fácil. Sei que o vosso papel enquanto educadores também não é fácil. Contudo, tenho que lhes dizer que não os quero como amigos, quero-os como pais. Os meus amigos servem para brincar, confidenciar, dizer tolices…mas estes nunca conseguirão desempenhar o papel de pais. Por isso, queria alertá-los que preciso de vocês para impor regras e limites, para me dizerem que “não” pois preciso de o ouvir. Sim, ao longo de toda a minha vida, irei ouvir muitos nãos e preciso que vocês me ensinem desde cedo a aceitá-los.
Sei que o vosso tempo é pouco e que é mais fácil dar-me um telemóvel, um tablet ou um comando de televisão. Sei que chegam do trabalho cansados e sem paciência para mim. Sei que é mais simples calar uma birra desta forma. Mas peço-lhes um pouco mais de paciência, afinal eu fui o vosso projeto de vida a dois. Eu nasci porque me quiseram muito. Invistam na minha educação.
Por isso, este Natal quero que me ofereçam amor, tempo de qualidade, canções, doces tradicionais, canela, luzinhas e histórias. Quero que me ensinem valores como o respeito, a necessidade de esforço, a importância do trabalho, o reconhecimento das figuras de autoridade, a importância da família e a humildade.
Sei que pedi muita coisa, mas espero que me consigam oferecer alguma delas neste Natal!