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Comparar-se é autossabotar-se

Muitas são as vezes em que me deparo com desabafos, quer de alguns pacientes quer de conhecidos, como: ‘Todos os meus amigos têm namorado menos eu’; ‘Está toda a gente a casar-se e eu daqui a nada tenho quase 30 anos e nada’; ‘Não se passa nada na minha vida de interessante’ ou ‘A pessoa X tem um óptimo emprego e eu não consigo…’.

É natural que olhemos em redor e possamos cair na tentação de nos comparar, no entanto isso não é benéfico, nem nos leva a nenhuma conclusão a não ser ficarmos ainda mais frustrados connosco próprios e com a nossa vida.

Há uns dias deparei-me com um pequeno exemplo do ‘universo’ que habitamos, que achei muito interessante e me serviu para equacionar esta questão. Tal como todos nós sabemos, Vénus e Marte são planetas, astros ilumidados que giram ao redor do Sol, a maior estrela do nosso sistema planetário. Consta que um ano em Vénus dura cerca de 225 dias, enquanto que em Marte, esse mesmo ano dura 687 dias. Mesmo com essa diferença e, talvez, justamente por causa dela, o universo funciona de forma adequada e funcional, uma vez que cada planeta possui um tempo específico para realizar certa atividade e que esse mesmo tempo difere do de outros que realizam uma atividade parecida.
Para quê continuar a culpabilizar-se por não estar na mesma situação, lugar ou a realizar a mesma atividade daquele amigo/conhecido/irmão? Cada um de nós, tal como os planetas, temos tempos e peculiaridades específicas que nos impossibilitam de estar exactamente na mesma situação que o nosso amigo/conhecido do lado e ainda bem que assim o é. Li esta frase e fez-me todo o sentido: ‘Somos planetas distintos uns dos outros e o Sol é a vida de um modo geral’. Ou seja, cada pessoa tem o seu tempo específico para realizar aquilo a que se propõe ou quer e isso é fruto do seu próprio desenvolvimento e aprendizagem. Não queira saltar passos, nem a sua vida. Cada etapa deve ser vivida com serenidade, tolerância e compaixão, porque ela é fruto daquilo que é, das suas experiências, vivências e definem-no como um ‘planeta único’.
Não está ‘atrasado’ neste ‘comboio’ que é a vida apenas porque não apanhou a mesma carruagem que a outra pessoa apanhou. Apanhou a carruagem que necessitava naquele momento. Está exactamente onde deve estar, a cumprir o seu percurso, ao seu ritmo, no seu devido tempo. Comparar-se é autossabotar-se.

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