Todas as crianças fazem birras, e muitas delas são desesperantes para os pais.
As birras que as crianças pequenas revelam são normativas e esperadas nesta etapa pois resultam de uma confrontação com emoções fortes como ciúmes, raiva ou tristeza para as quais elas ainda não têm resposta nem sabem lidar.
Estão estudadas cientificamente estratégias para parar uma birra de forma mais rápida e eficaz, mas isso não significa que não possam continuar a acontecer.
Nas birras é fundamental dar espaço e tempo à criança para se acalmar, tranquilamente, garantindo que está num local seguro e que os pais estão acessíveis caso precise. Só quando a criança se acalma é que se conversa sobre a birra, explica os sentimentos envolvidos e o que se espera dela numa situação semelhante.
Os pais devem promover a relação com os filhos, disponibilizar tempo de qualidade e brincar com eles pois dessa forma estão a potenciar a felicidade nas crianças e a equilibrar os níveis de cortisol responsáveis pela ativação do stress. Elas precisam acima de tudo de sentir segurança, conforto e proteção.
E o que não devemos fazer?
Não devemos encarar uma birra como uma luta, em que os pais têm de ganhar. Estão a entrar numa luta quando o que se pretende é precisamente que sejam o exemplo.
Não podemos ter como objetivo acabar com o choro ou birra de uma criança pois são comportamentos e reações esperadas no desenvolvimento infantil. Pensar que existem fórmulas mágicas ou mesmo estratégias implacáveis para terminar com as birras é uma ilusão.
Se deixamos uma criança em stress ou se ainda lhe induzimos mais stress em momentos de desregulação emocional, provavelmente tornar-se-á numa adulta insegura, medrosa e com dificuldade em confiar nas relações humanas pois não viu acolhidas e suportadas as suas necessidades emocionais.
Induzir stress a uma criança que já não está equilibrada emocionalmente faz disparar os níveis de ansiedade e é por isso que muitas vezes acontecem escaladas de comportamento agravando a manifestação da birra.
Por outro lado, em paragens abruptas de uma birra que o seu filho está a fazer, experimente refletir se ele parou porque aprendeu, ou se parou porque a sua forma de a gerir provocou nele um efeito bloqueador ou de medo.
É fundamental recorrer a informação estudada e validada cientificamente, disponível nas áreas de medicina e psicologia, de forma a garantir práticas parentais eficazes e promover o desenvolvimento infantil saudável.
Diana Fonseca
Psicóloga, Sub-Diretora Clínica do Centro Catarina Lucas
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