Não raras vezes, em consulta, me deparo com um cansaço extremo das pessoas que acompanho. Esse cansaço está, largas vezes, associado ao stress das responsabilidades a que estão sujeitas. Seja pelo trabalho, pelas tarefas de casa, pelos contextos sociais, ou, simplesmente, pela correria do dia-a-dia de tudo em conjunto. De se querer chegar a todo o lado, de se querer fazer tudo e bem, sem deixar nada para trás, sem se “falhar”.
Nestes momentos, questiono: como tem cuidado de si?
E, as pessoas olham-me, com surpresa, como se eu tivesse perguntado a coisa mais bizarra do mundo, porque, desconstruindo, percebemos que o autocuidado, não é, de todo, uma das tarefas presentes nas suas to do list, caindo constantemente em esquecimento.
A verdade é que, muitas vezes, o autocuidado não é um conceito muito bem visto. Partilham muitas vezes “Mas isso não é supérfluo? Não tenho tempo para essas coisas.”. E é aqui que é importante clarificar o conceito de autocuidado.
O autocuidado é uma prática individual de cuidados para consigo mesmo, de promoção de bem-estar do corpo e da mente. A forma de o praticar deve estar em consonância com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada pessoa deve encontrar a melhor forma de o fazer. É uma escolha consciente daquilo que nos faz sentir bem e a resposta à pergunta “O que é que eu preciso neste momento?”.
Através desta prática, há um aumento de bem-estar geral e da qualidade de vida, da autoestima e amor próprio, de relacionamentos mais saudáveis e uma maior produtividade e motivação para lidar com os desafios diários.
Exemplos de possíveis práticas de autocuidado:
· Meditar
· Tomar um banho mais demorado
· Ver um filme ou uma série
· Preparar uma refeição especial e saborosa
· Fazer uma caminhada na natureza
· Ler um livro
· Journalling
· Partilhar momentos com quem gosta
Percebemos, assim, que se pode tratar de tarefas que não exigem muito tempo. Que podem ser coisas que, simplesmente, gostamos de fazer e nos fazem sentir melhor.
Não tem que haver uma periodicidade definida para pôr em prática qualquer que seja a tarefa que escolheu para cuidar de si. Mas é realmente importante que a tenha presente e que a possa fazer o maior número de vezes de forma a se tornar um hábito.
Um hábito de pausa, de calma e de amor próprio.
Assim, estaremos também mais disponíveis emocional e mentalmente para lidar com as tarefas do dia-a-dia, exigentes e urgentes; e para nos relacionarmos com os outros de forma mais satisfatória. Percebendo, conscientemente os nossos limites e o que precisamos, a cada momento, para estarmos bem.
Porque se bem me quero, bem me cuido.
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