Muitas vezes me têm perguntado ao longo das sessões de formação que vou realizando para cuidadores: “E o que fazer quando a morte se aproxima e não sabemos o que dizer à pessoa?” “e o que fazer quando a pessoa não vê e/ou não ouve?”.
A resposta é simples: estar! No verdadeiro sentido da palavra. Estejam lá. A pergunta é complexa mas a resposta é simples. E isto deu o mote para esta reflexão.
Quantas vezes damos por nós a estar sem estar? Quantas vezes estamos sentados ao lado de outra pessoa, mas na verdade o nosso pensamento está bem longe dali? Muitas vezes certamente, sendo que isto acontece nas nossas relações pessoais e profissionais. Frequentemente nos sentamos no sofá ao lado da outra pessoa, mas a verdade é que não estamos genuinamente com ela. Estamos mergulhados nos nossos problemas e nos nossos afazeres. E a outra pessoa está ali, achamos nós que a sentir-se acompanhada apenas porque ali estamos, sem nos apercebermos que essa pessoa apenas queria que “estivéssemos”, verdadeiramente.
Também na fase final da vida isto se aplica. A verdade é que há alturas em que as palavras faltam, em que estas não se adequam. Nesse caso esteja lá. O medo da solidão e de morrer sozinho pode ser colmatado dessa forma, de uma forma que as palavras não alcançam.
O poder do “estar” é enorme, o partilhar um minuto, um momento, um local…permitamo-nos apenas estar e partilhar esse “estar” com a outra pessoa.