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Porque temos medo? Será esta uma emoção útil?

Desde que nascemos que somos confrontados com emoções, que de acordo com o dicionário prebiram da língua portuguesa, são um “conjunto de reações, variáveis na duração e na intensidade, que ocorrem no corpo e no cérebro, geralmente desencadeadas por um conteúdo mental”. À medida que vamos crescendo, vamos aprendendo a lidar com essas emoções, uma delas é, o medo.

Para os nossos antepassados, que viviam em cavernas, o medo era uma resposta vital para que, quando confrontados com uma situação de perigo, fossem capazes de uma ação imediata (atacar ou fugir). Em situações em que a sensação de perigo é percebida ou antecipada, o cérebro envia uma mensagem ao nosso sistema nervoso autónomo, que é composto pelo sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático, que controlam os níveis de energia do corpo e o preparam para a ação. Assim, o sistema nervoso simpático ativa a nossa resposta de luta ou fuga, enquanto o parassimpático, faz com que o nosso corpo volte ao equilíbrio normal.

Percebemos então que o medo é uma emoção fundamental ao longo da vida, desempenhando um papel crucial na nossa sobrevivência e adaptação ao mundo.

Ainda assim, com os anos, os medos vão-se alterando.

Na infância temos medo do escuro, porque achamos que esconde algo que nos pode atacar, ou causar dor. Evitamos quartos fechados, salas sombrias, lugares onde a maldade pode existir. E apesar de muitas vezes lhes dizermos para não terem medo, ele tem uma função pedagógica importante, ensina-os a reconhecer riscos e a desenvolver comportamentos cautelosos. A capacidade de avaliar racionalmente os riscos permite que o medo se torne uma ferramenta de prudência, ajudando a criar estratégias para lidar com o que nos assusta, em vez de uma resposta paralisante.

Na adolescência temos medo de não corresponder ao que os outros esperam de nós, medo de não sermos aceites por aquilo que somos, medo de escolhas erradas…

Na idade adulta temos medo de morrer, porque nos apercebemos que não somos imortais, por mais esforços que façamos, medo de sentir que não estamos a aproveitar a vida como queríamos, medo de falhar nos projetos que traçámos… No entanto, o medo, continua a ter um papel protetor, sendo fundamental para a tomada de decisões em ambientes incertos.

A adaptação ao mundo, sentindo medo, requer uma gestão emocional equilibrada. Técnicas de regulação emocional, como a respiração profunda, a meditação ou a reestruturação cognitiva, podem ajudar a transformar o medo num aliado em vez de um obstáculo. Além disso, a exposição gradual a situações temidas pode dessensibilizar a resposta ao medo, promovendo a confiança e a resiliência. É essencial distinguir entre um medo saudável, que promove a vigilância e a cautela, e um medo desadaptativo, que gera ansiedade crónica e limitações na vida quotidiana.

Em suma, o medo é uma emoção protetora que nos ajuda a enfrentar os desafios do mundo. Quando compreendido e gerido adequadamente, permite-nos viver com maior segurança e adaptabilidade, funcionando como uma bússola emocional que orienta as nossas escolhas e comportamentos.

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