A nossa sexualidade é uma parte essencial de quem somos, influenciando o nosso bem-estar e a forma como nos relacionamos com os outros. No entanto, quando lidamos com uma doença mental, podemos enfrentar desafios adicionais na nossa vida sexual e afetiva, muitas vezes devido ao estigma que ainda existe na sociedade.
O que é o estigma e como nos afeta?
O estigma é uma atitude negativa ou preconceito que a sociedade tem em relação a certas características ou condições, como as doenças mentais. Este preconceito pode levar-nos a sentir vergonha, isolamento e a duvidar de nós mesmos. Por exemplo, podemos começar a acreditar que não somos dignos de amor ou que não merecemos ter uma vida sexual satisfatória.
Estudos mostram que mulheres com doenças mentais graves sentem que o estigma afeta negativamente a sua qualidade de vida, especialmente na área sexual e emocional (Blalock & Wood, 2015). Além disso, pessoas que enfrentam discriminação devido à sua orientação sexual ou identidade de género podem sentir um impacto ainda maior na sua saúde mental e bem-estar (Cabral & Pinto, 2023).
De que forma o estigma interfere na nossa vida sexual?
- Sentimentos de vergonha e medo de rejeição: Podemos evitar relacionamentos íntimos por receio de sermos julgados ou rejeitados devido à nossa condição.
- Desvalorização da nossa sexualidade: Há quem pense, de forma errada, que as pessoas com doenças mentais não têm interesse ou capacidade para ter uma vida sexual plena, o que pode levar-nos a sentir que as nossas necessidades não são importantes.
- Desafios adicionais para minorias: Se, além de uma doença mental, pertencemos a uma minoria sexual ou de género, podemos enfrentar um “duplo estigma”, tornando ainda mais difícil encontrar aceitação e apoio.
Como podemos melhorar o nosso bem-estar sexual e emocional?
- Educação e sensibilização: Procurar informação correta sobre sexualidade e saúde mental pode ajudar-nos a desfazer mitos e a sentir-nos mais confiantes. A Organização Mundial da Saúde destaca a importância de integrar a saúde sexual nos cuidados de saúde mental (World Health Organization, 2024).
- Apoio profissional: Falar com psicólogos ou terapeutas pode ajudar-nos a reconstruir a nossa autoestima e a desenvolver habilidades para relacionamentos saudáveis.
- Mudança de perspetiva social: Participar em grupos de apoio ou comunidades que promovam uma visão positiva da sexualidade pode ajudar-nos a sentir aceitação e a combater o estigma.
Conclusão
Infelizmente o estigma associado às doenças mentais ainda é uma realidade e pode ter um impacto profundo na nossa vida sexual e emocional. No entanto, ao procurarmos informação, apoio profissional e ao envolvermo-nos em comunidades positivas, podemos superar estas barreiras e viver uma vida plena e satisfatória.
Lembre-se: todos merecemos amor, respeito e uma vida sexual saudável.
Escrito por: Marta Santos