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Desabafos de uma futura mãe com ataques de pânico – testemunho

“Aqui entre nós e que ninguém nos ouça, se vos escrevesse há alguns aninhos atrás provavelmente jamais diriam que são, ou sou, exatamente a mesma pessoa a escrever.

Enganem-se os que pensam que tenho uma história interessante para vos contar.

Sou uma humilde rapariga de 26 anos, gravida de 8 meses de um rapaz que foi o meu maior presente divino. Acredito piamente que vai nascer cheio de saúde, perfeitinho e lindo como tantas vezes o tenho visto nos meus sonhos. A minha família são os meus maiores pilares como todas deveriam ser e o meu namorado e pai do meu filho, ainda estou a tentar descobrir um adjetivo para o descrever, se ele não é a minha alma gémea estará lá perto.

Não sou rica mas também não passo dificuldades, tenho amigos que realmente posso confiar e estou prestes a arrendar uma casa.

Aposto que se devem estar a questionar do que afinal tenho para me queixar e a minha resposta será, obviamente, nada!

A verdade é que só tenho motivos para agradecer a Deus a vida que ate hoje Ele me tem proporcionado.

Então o que te incomoda?? Perguntam vocês e bem!

Há uns meses para cá debateu-se sobre mim uma ansiedade extrema que se transformou em pânico juntamente com um medo muito pouco agradável. Comecei por ter medo de ficar sozinha em casa porque tinha medo de morrer, depois comecei com pensamentos negativos que me davam a sensação de loucura mais o facto de achar que isso jamais iria passar. Ainda não passou! Ainda! Sei que o meu caminho vai a meio mas também sei que já percorri bastante, não falta tudo. Há algum trabalho a fazer tal como deixar de achar que vou ficar assim para sempre ou que a minha vida estagnou, que o medo me domina e isso incomoda bastante por estar bem muitas vezes e outras tantas percorrer-me aquela sensação estranha pelo corpo que isso sim faz-me acreditar que tudo aquilo é verdade e lá se debate a tristeza logo quando me convenço que superei.

Mas não tenham pena! Não sou a única a passar pelo mesmo e tenho bagagem suficiente para saber que tudo isto faz parte de uma fase menos boa da minha vida que vou garantidamente ultrapassar.

E para terminar, garanto-vos que quando penso que poderei estar a ser egoísta por pensar só em mim, é nas buscas de resposta para me conhecer melhor que percebo que tudo aquilo que faço e tenho feito é em prol do meu filho e do seu bem estar porque ele há-de ter orgulho em mim, nem que para isso morra a tentar.”

(nota: relato de acompanhamento psicológico realizado por mim, com consentimento da própria)

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