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A Prisão do “E se…?” - Centro Catarina Lucas

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A Prisão do “E se…?”

As expectativas são uma parte fundamental da nossa vida, e moldam as nossas decisões, ações, e até as nossas relações. Mas o que acontece quando as nossas expectativas se tornam irrealistas? O impacto pode ser profundo, levando-nos a frustrações, deceções, e até a distorções na maneira como vemos a realidade e a nós mesmos.

Definem-se como expectativas irrealistas aquelas que vão para além das nossas capacidades reais ou das possibilidades objetivas, e podem ser formadas por ideais sociais, familiares, ou até pelas nossas próprias inseguranças.

A frustração é, provavelmente, o primeiro sentimento que surge quando não conseguimos cumprir uma expectativa irrealista, podendo, posteriormente, gerar uma série de outras emoções “negativas”, tais como a ansiedade, a culpa ou o ressentimento. Muitas vezes, tal ocorre porque criamos uma imagem idealizada de como as coisas “deveriam” ser e, quando a realidade não corresponde a essa imagem, a desconexão é inevitável.

No caso das relações, por exemplo, as expectativas irrealistas podem ter um efeito nefasto. Esperar que outra pessoa cumpra um papel por nós idealizado poderá levar à deceção, pois é com facilidade que idealizamos o parceiro e nos esquecemos que ambos são seres humanos, com fragilidades e imperfeições. Do mesmo modo, a um nível mais social, a pressão para corresponder a padrões irrealistas de beleza ou de sucesso poderá dar origem a questões emocionais e comportamentais, como a ansiedade ou a depressão.

Quando percecionamos que a realidade falha constantemente às expectativas que criamos, a nossa autoestima poderá ser severamente afetada. Torna-se fácil começar a viver num ciclo de insatisfação constante, focando apenas aquilo que “faltou”, ou o que “deveria ter sido”, ao invés de focarmos as nossas conquistas e tudo aquilo que conseguimos, com esforço, alcançar. Viver nos “e se…?” irrealistas, a longo prazo, poderá resultar num desgaste emocional significativo, criando uma ilusão de que a felicidade ou o sucesso estão sempre no futuro hipotético, dependentes de um evento, condição ou pessoa que nunca chega, impedindo-nos de viver o momento presente e desfrutar das oportunidades realistas que a vida nos oferece.

 

Como gerir expectativas irrealistas?

  1. Autoaceitação: O primeiro passo para lidar com expectativas irrealistas passa por aceitar que somos imperfeitos e que a vida não segue sempre o roteiro que imaginámos. Aceitar as nossas falhas e limitações é um passo fundamental para sermos mais gentis connosco.
  2. Redefinição de metas e objetivos: Ao invés de nos focarmos em expectativas irrealistas, é essencial que as metas que estabelecemos sejam mais concretas e atingíveis. É importante pensar em objetivos desafiadores, mas, ao mesmo tempo, que tenham em conta recursos e circunstâncias reais.
  3. Desapego do “E se…?”: Abandonar o “E se…?” é fulcral para que possamos viver no aqui e no agora. Viver em cenários hipotéticos pode, inclusive, desviar-nos daquilo que está a acontecer no presente e, quem sabe, possamos perder oportunidades que nos são concedidas hoje, em detrimento de um amanhã que poderá nunca existir.
  4. Prática de gratidão: Focar aquilo que já conquistámos e as coisas boas que temos na nossa vida poderá ajudar a reduzir a pressão interna criada pelas expectativas irrealistas.

 

Em suma, as expectativas irrealistas representam, nada mais, nada menos que um terreno fértil para a frustração e o sofrimento emocional. Reconhecer que estamos presos a ideais que não são viáveis e redirecionar a nossa atenção para metas mais equilibradas e concretizáveis pode conduzir-nos a uma vida mais satisfatória e com menos ansiedade. A chave está em viver com mais flexibilidade e aceitação, compreendendo que a perfeição, muitas vezes, está longe de ser a melhor medida para a felicidade.

 

 

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