A palavra obsessão, deriva do termo latim obsessio, cujo significado é “cerco” ou “de estar cercado”. A explicação etiológica da Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) tem variado ao longo dos tempos em função dos contextos histórico-epistemológicos, com a prevalência de explicações místico-sobrenaturais desde a Idade Média até ao séc. XVIII, ocorrendo depois, em termos científicos, um longo processo de autonomização do processo mórbido. Mais tarde, no século XIX, as primeiras contribuições para o conceito de Obsessão e Compulsão, provêm de autores germânicos e franceses. A Perturbação Obsessivo Compulsiva (POC) tem uma prevalência aproximada entre 1 a 2%. Na idade adulta, o sexo feminino é ligeiramente mais afetado do que os indivíduos do sexo masculino, apesar de estes últimos serem mais afetados na infância. A POC é caracterizada pela presença de obsessões e/ou compulsões.
Obsessões são pensamentos ou imagens recorrentes e persistentes experienciados como intrusivos e indesejados (que podem ser relativos a temáticas de violência física, sexuais, de contaminação etc.), enquanto as compulsões são comportamentos repetitivos, ou atos mentais, que o indivíduo se sente levado a realizar, habitualmente em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que têm de ser aplicadas rigidamente (desinfeção, confirmação, ordenação, repetição de palavras, orações, etc.).
A POC pode ser uma das mais debilitantes perturbações psiquiátricas. A doença está associada a um prejuízo significativo sócio-ocupacional, com aumento do desemprego, menores taxas de casamento e maior desajuste conjugal e das relações familiares, bem como a uma diminuição da qualidade de vida. Nas últimas três décadas, a abordagem da POC sofreu uma enorme transformação, deixando de ser considerada uma doença crónica e praticamente incurável, para passar a constituir uma patologia passível de ser abordada de um ponto de vista farmacológico, psicoterapêutico e de técnicas não farmacológicas. Apesar disso, existe um longo caminho a percorrer para melhorar a efetividade dos tratamentos. A terapia cognitivo-comportamental e os fármacos inibidores da recaptação da serotonina (ISRS) constituem as terapêuticas de primeira linha da POC. Os resultados recentes produzidos por abordagens interdisciplinares são promissores e encorajadores, sendo que o maior benefício terapêutico resulta do estabelecimento da combinação de abordagens psicofarmacológicas (medicamentos) e intervenção de terapias cognitivo-comportamentais específicas (psicoterapia) para o tratamento e prevenção de recaídas.
Se reconhece os sintomas (obsessões e/ou compulsões), ou conhece alguém que os apresente, procure ou incentive a procura de ajuda profissional (de um psiquiatra e psicólogo). Frequentemente, os sintomas iniciam-se na adolescência e os doentes referem em consulta acreditar serem “os únicos a padecer deste tipo de coisas, não sabia que era uma doença”, pelo que a procura de ajuda é atrasada, e o sofrimento psíquico prolongado.
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