As férias de verão são a época do ano mais esperada pelas crianças, e na qual surgem mais dúvidas para os adultos. Temos medo da possibilidade de que toda a disciplina adquirida durante o ano desapareça, que a falta de rotinas que estruturam o tempo dos filhos os desequilibre e a convivência se complique.
Sem dúvida que o malabarismo que terá de ser feito para conciliar o trabalho dos pais e o tempo livre das crianças é por vezes assustador. Nesse medo do adulto, esconde-se, entre outras coisas, as ansiedades que todos já sentimos em algum momento diante do tempo livre e da falta de obrigações, diante do tédio e de não saber o que fazer. Uma experiência que os mais pequenos devem aprender a gerir para a vida, adquirindo os recursos necessários para direcionar o seu tempo livre para brincar, passatempos, certas responsabilidades e, sem dúvida, descanso. Afinal, o objetivo é estimular a autogestão.
Muitos pais perguntam em consulta e agora o que fazemos? O que fazemos com tanto tempo livre que eles têm? Eles têm de estudar? Por isso, deixo algumas orientações que considero úteis:
O verão significa uma mudança na rotina das crianças, e por isso elas podem sentir algum alívio, sem dúvida merecido. É importante que se sintam assim mas não se pode perder de vista que todo esse tempo livre deve ter estrutura, organização e rotinas estáveis, para não criar desordem interna.
Supervisionar e acompanhar, tendo em conta a idade dos mais pequenos, é o nosso papel enquanto pais. Nós somos os seus modelos, e eles devem aprender com alguém a ocupar o seu tempo e a geri-lo e para incentivar a criatividade em face do tédio.
Aquele tempo que deve ser ocupado de alguma forma, quanto mais ao ar livre melhor. Aproveite o bom tempo para que possam jogar fora de casa, longe de telemóveis, televisão, tablets, etc. É uma oportunidade de nos deixarmos contagiar pelas suas ilusões, vontade de brincar, imaginar e criar.
Outra preocupação que aparece nessa época do ano é o uso excessivo de tecnologia pelos nossos filhos. Tal como durante o resto do ano devemos prestar atenção especial à quantidade de tempo que vamos deixá-los usar esses dispositivos, o conteúdo que eles poderão ver e, como em todos os aspetos da educação, ser firmes se essas regras forem quebradas.
Estudar no verão, sim ou não? É tudo uma questão de equilíbrio. Existem dois meses e meio de férias pelo que há tempo suficiente para as crianças brincarem, estarem em família, fazerem colónias/atividades de verão, por que não também, passar um pouco do tempo delas a relembrar o que fizeram durante o ano. Podem assim realizar alguns exercícios de revisão de leitura e escrita ou outro tipo de exercícios mais específicos dependendo do grau de escolaridade da criança, não muito excessivos. Outra forma de aprender de uma forma diferente e original é visitando museus e exposições sobre temas direcionados à educação. Uma estrutura diária que combine momentos de lazer com os de responsabilidades e hábitos de estudo prepara as crianças para quando tiverem que enfrentar novamente a atividade escolar no final das férias, fazê-lo de forma mais eficiente e progressiva.
É importante que a decisão sobre o que fazer com as crianças durante as férias seja decidida em conjunto, deixando aos nossos filhos a possibilidade de expressarem as suas necessidades. Os pais devem recolher esta informação e tentar moldá-la da melhor forma possível tendo em conta os fatores já referidos. O ideal será encontrar um equilíbrio entre as necessidades das crianças e dos pais. Desta forma promoveremos a autonomia, a tomada de decisões, a aquisição de responsabilidades, o autoconhecimento e a tolerância à frustração.
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