Não são escassas as vezes que quando alguém desabafa connosco, a nossa primeira reação é tentar encontrar soluções para os seus problemas. Sentimos que devemos oferecer algo que seja útil, se não porque estaria a desabafar connosco? É natural querermos oferecer ajuda perante o sofrimento que o outro partilha connosco, demonstrar a nossa preocupação e vontade de auxiliar.
Acontece que, muitas vezes, aquela pessoa não precisa exatamente de uma panóplia de soluções quase “chapa 3”, mas sim de “simplesmente” desabafar connosco. O mais provável é que essa pessoa necessite de ser ouvida e compreendida.
Sendo assim, e sabendo que sentimos uma necessidade intrínseca de ajudar quem nos é querido, aqui ficam algumas sugestões de atitudes que podemos empreender quando alguém desabafa connosco, simplesmente ouvindo, e que demonstram a nossa disponibilidade, ajudando a que a pessoa se sinta mais compreendida e apoiada.
- Não temos sempre de oferecer soluções: por vezes, quando alguém fala connosco, apenas necessita de ser ouvido! Assim, quando deparado com uma situação de desabafo, certifique-se que a pessoa se sente ouvida em primeiro lugar, e depois poderá questionar se a pessoa necessita de ajuda a ponderar soluções diferentes ou formas de enfrentar os seus problemas, garantindo que não impõe as suas soluções no outro.
- Validar o sofrimento da pessoa: devemos validar a dificuldade ou o sofrimento pelo qual a pessoa está a passar. Passarmos a noção de que é válido que se sinta em baixo nessa situação, em vez de invalidarmos o facto de estar mal. Frases triviais como “Não estejas assim”, embora certamente bem-intencionadas, apenas frustram a pessoa em questão, sugerindo que não estar mal é fácil e não haverá necessidade do seu sofrimento.
- Fazer questões para compreender: se a pessoa não se importar (aspecto importante a ter em consideração), podemos colocar questões para compreender melhor a sua situação, permitindo também que a pessoa partilhe melhor o que sente.
- Mostrar que estamos verdadeiramente a ouvir: não estarmos distraídos, irmos acenando com a cabeça em jeito de compreensão, e interagir com o que a pessoa nos vai contando. Estas atitudes demonstram o nosso interesse e a nossa disponibilidade para ouvir o outro.
- Partilhar que a sua dor tem legitimidade: por mais que haja problemas gravíssimos no mundo, os nossos problemas são nossos e são sempre válidos. Certificar que a pessoa sabe que a sua dor é legítima, não caindo no pensamento, “Mas há dores piores”, todas as dores são válidas.
- Sermos genuínos na nossa interação: não devemos fingir que compreendemos o que não conseguimos compreender, mas podemos estar lá para a pessoa de qualquer das formas! Um simples “Calculo que deva ser muito difícil para ti estares nessa situação” poderá ser suficiente.
Lara Ferreira
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